Pré-requisitos e requisitos paralelos

Solicita-se ao leitor que estude, antes de prosseguir na leitura destas notas, o capítulo 1 do Volume III das Feynman Lectures on Physics, que contém uma excelente descrição da experiência da difração por duas fendas, conhecida como experiência de Young, realizada com elétrons, em lugar da luz (que Young usou). Quando eu conseguir realizar isto tão bem quanto Feynman, este pré-requisito será substituído por um capítulo introdutório adicional. A previsão de tempo para que isto aconteça é de, mais ou menos, da ordem da idade do universo.

Dos requisitos paralelos, o mais importante é o estudo. A mecânica qûantica é uma experiência nova e estranha, mais estranha do que a teoria da relatividade, e requer hábitos de pensamento novos, que precisam ser adquiridos aos poucos, ao longo do curso, para não dizer ao longo da vida1. Estudar só perto da prova não basta, é quase inútil. Jean Dieudonné, grande matemático francês da escola Bourbaki, menciona, em seu grande tratado Treatise on Analysis[16], a necessidade de adquirir-se a intuição do abstrato. Também aqui precisamos dela. De fato, Dirac, em sua grande obra-prima[1], que muitos consideram o maior livro de física desde os Principia de Newton[15], diz: Mathematics is the tool specially suited for dealing with abstract concepts of any kind and there is no limit to its power in this field. For this reason a book on the new physics, if not purely descriptive of experimental work, must be essentially mathematical.

Outro requisito paralelo é a leitura de um livro de qualidade, além destas notas. Sugiro desde logo a leitura do prefácio e dos parágrafos 1, 2, 3 e 4 do livro de Dirac[1], que pode ser feita logo no começo do curso.

Henrique Fleming 2003