Subsections
Autofunções do momento angular
Por razões técnicas é conveniente introduzir os operadores
não-hermiteanos
Seus principais comutadores são:
![\begin{displaymath}[\hat{\vec{l}}^2,\hat{l}_{\pm}]=0
\end{displaymath}](img833.png) |
(281) |
![\begin{displaymath}[\hat{l}_z,\hat{l}_+]=\hat{l}_+
\end{displaymath}](img834.png) |
(282) |
![\begin{displaymath}[\hat{l}_z,\hat{l}_{-}]=-\hat{l}_{-}
\end{displaymath}](img835.png) |
(283) |
todas fáceis de obter. Note-se ainda que
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(284) |
 |
(285) |
As autofunções da componente z do momento angular
As autofunções de
são funções
tais que
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(286) |
onde
é um número. Omitimos aqui, por simplicidade, as outras
variáveis,
e
, de que a função
em geral depende
porque são irrelevantes para este problema. Como
temos, para a Eq.(286),
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(287) |
cuja solução é
Devemos ainda ter
o que exige que
ou seja, que
seja um número inteiro. Vamos denotá-lo por
. Então,
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(288) |
que é satisfeita para qualquer
inteiro,
. Normalizando, temos
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(289) |
Autofunções simultâneas do momento angular total e da
componente z
Seja
a autofunção de
de
autovalor
. Calculemos
Logo, se
, então
Analogamente se mostra que
Assim, usando os operadores
e
, pode-se
varrer todo o espectro do operador
.
Considere o operador
Lema:Se
é hermiteano,
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(290) |
para qualquer estado.
Demonstração:
Em particular, segue que
, logo,
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(291) |
A construção das autofunções de
é facilitada pelo fato
de que a expressão de
é um operador diferencial familiar à
física clássica. De fato, um cálculo direto leva a
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(292) |
e, como
obtém-se
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(293) |
Acontece que o laplaceano em coordenadas esféricas é
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(294) |
ou seja,
 |
(295) |
Os físicos do século XIX resolveram o problema de determinar as autofunções de
:18
essas funções são os harmônicos esféricos,
, que satisfazem as equações
de autovalores
Os harmônicos esféricos são muito bem conhecidos. Para um estudo deles no contexto clássico
as minhas referências preferidas são Courant [6] e Sommerfeld [9]. Nessas notas,
usando técnicas que introduziremos a seguir, construiremos explicitamente os
. Para o momento
é suficiente informar que
ou seja, é o produto de uma função de
por uma autofunção de
.
Uma observação importante: as autofunções de
são as funções
para
qualquer inteiro
. Quando construirmos as autofunções comuns a
e
, veremos que
sofrerá mais restrições. De fato, como temos
segue que
 |
(298) |
Portanto, dado
,
não pode ser qualquer inteiro. O maior valor permitido
é tal que
Vê-se imediatamente que
é permitido, mas
é proibido. Logo,
o máximo valor permitido de
para as autofunções
é
. Um argumento an'alogo mostra que o menor é
. Resumindo,
Neste intervalo,
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(299) |
 |
(300) |
Assim, para cada
há
valores distintos de
.
Chamaremos de operadores vetoriais operadores do tipo
e que satisfazem as seguintes relações de comutação com as componentes do
momento angular:
![\begin{displaymath}[\hat{l}_a, \hat{T}_b]= i\epsilon_{abc}\hat{T}_c
\end{displaymath}](img885.png) |
(301) |
onde a costumeira convenção indica uma soma sobre os valores do índice
,
e, sendo
e
dois operadores desse tipo,
![\begin{displaymath}[\hat{l}_i, \hat{T}^{(1)}_{j}\hat{T}^{(2)}_{j}]=0
\end{displaymath}](img889.png) |
(302) |
Exemplos:
,
e
são, todos, operadores vetoriais.
Das relações acima segue, em particular, que, para qualquer operador vetorial
,
![\begin{displaymath}[\hat{l}_i,\hat{T}_j\hat{T}_j]=0
\end{displaymath}](img893.png) |
(303) |
Seja
um operador vetorial. Será útil introduzir um ``operador escada'', da seguinte forma:
 |
(304) |
Facilmente se verifica que
![\begin{displaymath}[\hat{l}_z,\hat{T}_{+}]=\hat{T}_{+}
\end{displaymath}](img896.png) |
(305) |
bem como
![\begin{displaymath}[\hat{l}_x,\hat{T}_{+}]=-\hat{T}_z
\end{displaymath}](img897.png) |
(306) |
![\begin{displaymath}[\hat{l}_y,\hat{T}_{+}]=-i\hat{T}_z
\end{displaymath}](img898.png) |
(307) |
Vamos agora calcular o comutador
.
Lembrando que
e usando as relações acima, temos, após um pouco de paciência,
![\begin{displaymath}[\hat{\vec{l}}^2,\hat{T}_{+}]=2[\hat{T}_{+}\hat{l}_z-\hat{T}_z\hat{l}_{+}]+2\hat{T}_{+}
\end{displaymath}](img901.png) |
(308) |
Sejam
as autofunções de
e, em
particular, seja
aquela com máximo valor de
, para um
dado
. Vamos mostrar que
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(309) |
onde
é uma constante.
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(310) |
 |
(311) |
![\begin{displaymath}
\hat{T}_{+}\hat{\vec{l}}^2 =
\hat{T}_{+}\hat{\vec{l}}^2...
...}=
[\hat{T}_{+},\hat{\vec{l}}^2]+\hat{\vec{l}}^2\hat{T}_{+}
\end{displaymath}](img908.png) |
(312) |
![\begin{displaymath}[\hat{T}_{+},\hat{\vec{l}}^2]Y_{ll}+
\hat{\vec{l}}^2(\hat{T}_{+}Y_{ll})=l(l+1)Y_{ll}
\end{displaymath}](img909.png) |
(313) |
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(314) |
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(315) |
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(316) |
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(317) |
Para determinar
note-se que
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(318) |
e
Daí segue facilmente que
Dessas duas e da Eq.(318), segue que
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(321) |
para
. Isto quer dizer que
é invariante por
rotações infinitesimais em torno dos eixos
,
,
, ou seja,
é invariante por qualquer rotação infinitesimal. Logo, é
esfericamente simétrica, não podendo depender de
ou
. Mas essas são as suas únicas variáveis. Portanto,
é constante. A menos de normalização , podemos então tomar
Considere o operador vetorial
, e vamos construir o operador
associado a ele, que seria o operador
Como os operadores
e
são multiplicativos,
vamos cometer um ligeiro abuso de notação, omitindo a
``casinha''(acento circunflexo, versão chinesa). Assim,
escreveremos, sem a menor cerimônia,
deixando claro que se trata de operadores. Já que estamos com a mão na massa,
vamos estudar, em lugar de
, o operador
. O operador
associado a ele é
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(322) |
Temos, então,
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(323) |
ou seja,
 |
(324) |
ou ainda,
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(325) |
De uma maneira geral, teremos:
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(326) |
Para obter
basta fazer uso do operador
.
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(327) |
A determinação de
é feita pela normalização dos
,
 |
(328) |
Toma-se usualmente
real, o que fornece a seguinte tabela de harmônicos esféricos:
e assim por diante.
1. Prove que
2. Prove que, se
então
,
com
sendo as componentes do operador de momento angular. De fato, o resultado
vale para qualquer operador que comute com o hamiltoniano
, e, portanto, para o
próprio
. Enuncie e comente este último caso. Mais precisamente, mostre que
é sempre verdade que
.
3. Mostre que o operador
``roda''
o sistema de um ângulo infinitesimal
em torno do eixo
. A generalização
para ângulos
arbitrários é
.
Seja
. Vimos no exercício anterior
que, se
, então
. Seja
tal que
,e
considere
. Mostre que
, com o mesmo
anterior. Chegue a uma conclusão análoga usando o último resultado do exercício 2.
4. Mostre que se a energia potencial de um sistema é
, independente de
e
,
então
, para
.
5. Mostramos no curso que
que, trocado em miúdos, quer dizer que
(a) Escreva os demais elementos de matriz dessa forma.
(b)Considere o harmônico esférico
.
Temos
Por outro lado,
e,
usando os elementos de matriz acima,
Logo,
Verifique cuidadosamente o argumento acima (o professor já está meio
velho...) e depois teste-o no caso particular l=1. Neste caso os harmônicos
esféricos são:
Henrique Fleming 2003